Verificado por: @OPoderDeEleger
Está circulando pelo WhatsApp uma mensagem que diz que um juiz autorizou Adélio Bispo de Oliveira, que foi preso por esfaquear o candidato Jair Bolsonaro (PSL), a dar uma entrevista para a televisão no dia 5 de outubro de 2018. O Poder de Eleger verificou que a informação é inconsistente.
De acordo com nota publicada em 24 de setembro na coluna Painel, do jornal Folha de S. Paulo, a defesa de Adélio havia informado que seu cliente daria duas entrevistas no dia 27 do mesmo mês. Uma seria para o canal de televisão SBT, e a outra, para a revista Veja. Ainda segundo a Folha, as entrevistas foram autorizadas pela Justiça e aconteceriam na Penitenciária Federal de Campo Grande (MS), onde Adélio está preso.
O Jota, site especializado em análises e notícias do Poder Judiciário, informou que a autorização partiu do juiz federal Dalton Igor Kita Conrado, corregedor da penitenciária de Campo Grande. O SBT também confirmou ao jornalista Ricardo Feltrin, do UOL, que o apresentador Roberto Cabrini entrevistaria Adélio Bispo de Oliveira para o programa Conexão Repórter, mas sem divulgar a data de veiculação. Portanto, ainda não há qualquer informação confirmada sobre a possível exibição da entrevista com Adélio no dia 5 de outubro, primeiro indício de que a corrente de WhatsApp é inconsistente.
No entanto, no dia 27 de setembro, o Tribunal Regional da 3ª Região concedeu liminar ao Ministério Público Federal (MPF) de Mato Grosso do Sul (MS), determinando a suspensão das entrevistas. Segundo o juiz Nino Toldo, ouvir o réu “fora do âmbito investigatório, neste momento, poderá ensejar não apenas prejuízo ao curso das investigações e à própria defesa do investigado, mas também indevida interferência no processo eleitoral em curso, quer pelos partidários do candidato Jair Bolsonaro, quer pelos seus adversários na eleição”. Em sua decisão, o magistrado disse ainda que não se sabe se há ou não consentimento de Adélio para as entrevistas e lembrou que, se ele pode sofrer de distúrbio mental, seu discernimento e autodeterminação podem estar prejudicados.
Como os tribunais federais regionais representam a segunda instância do Poder Judiciário brasileiro, réus, advogados e Ministério Público podem ainda recorrer à terceira instância, o Supremo Tribunal Federal. Foi o que fez o Grupo Abril, empresa de comunicação dona da revista Veja, uma das beneficiadas pela decisão que autorizava as entrevistas de Adélio. De acordo com o site Conjur, assim como o Jota, também especializado em notícias e análises da Justiça, o ministro Gilmar Mendes, do STF, ainda vai decidir sobre autorização à revista Veja. Não há previsão para a decisão do magistrado. Portanto, não é possível garantir a realização da entrevista, muito menos sua veiculação no dia 5 de outubro.
Precedentes
Outros presos já concederam entrevistas à imprensa de dentro da penitenciária, como os traficantes de drogas Fernandinho Beira-Mar e Marcinho VP, e Suzane Von Richtofen, condenada por matar os pais. Dia 28 de setembro, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandoski, também chegou a autorizar que a Folha de S. Paulo entrevistasse o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso na sede da Polícia Federal, em Curitiba. No dia seguinte, seu colega de Corte, Luiz Fux, derrubou a sen tença por meio de uma liminar, concedida na qualidade de presidente interino do Supremo. Menos de 48 horas depois, Lewandoski reafirmou sua autorização, reforçando a guerra de decisões na mais alta corte do país, a menos de uma semana das eleições.
A Polícia Federal já concluiu o inquérito sobre o atentado sofrido por Jair Bolsonaro no dia 6 de setembro, em Juiz de Fora (MG). Ele diz que Adélio Bispo de Oliveira agiu sozinho. Dia 2 de outubro, Adélio foi indiciado pelo Ministério Público Federal por prática de atentado pessoal por inconformismo político, crime previsto na Lei de Segurança Nacional. Ele pode pegar pena de até 20 anos de cadeia.
Fontes
O Poder de Eleger é um projeto para monitorar informações sobre as eleições no WhatsApp. Ao contrário de outras iniciativas de checagem, nós não só verificamos as correntes, mas também devolvemos a informação por WhatsApp, no formato de gifs e áudios. A ideia é criar uma corrente com a informação verificada no mesmo veículo em que ela circulou originalmente. O projeto, da organização Chicas Poderosas, também está na Colômbia, México e Venezuela. Se quiser encaminhar uma corrente para checagem, ou se quiser receber nossas verificações, clique no link e envie uma mensagem pra gente: http://bit.ly/OpoderDeElegerBR
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