A Agência Ajuri é um projeto feito em Manaus, Brasil. É uma agência de notícias baseada na verificação de fatos, com a perspectiva da Amazônia.
A diretora geral da equipe é Jéssica Botelho e suas companheiras de equipe são Polyandra Batista quem tem um pezinho na tecnologia e design; Agda Sales quem trabalha nas relações públicas da Agência; a Nathane Dovale quem é jornalista faz parte fundamental no trabalho da checagem para ir atrás das fontes bancos de datos.
Qué problema querem resolver? O debate público influenciado por informações incorretas, dados não verificados, declarações parciais e falsas notícias.
Hoje partilhamos com vocês a conversa com a equipa Agência Ajuri, desde São Paulo:

A equipe da Agência Ajuri, no Google Campus, em São Paulo.
Por qué é importante neste momento falar da Amazônia?
Jessica Botelho: A gente vive num país de dimensões geográficas enormes y são muitas realidades dentro do mesmo país. A população do Brasil não conhece seu país. As regiões são muito diferentes, especialmente a região norte, por causa das questões geográficas e biológicas. A Amazônia passou por um processo histórico de grandes empreendimentos, tentativas de ocupação que não deram certo. Não é só uma paisagem diferente é uma história diferente e o Brasil deve conhecer isso. É mostrar o que é o que podemos produzir na Amazônia.
¿Por que especificamente fazer um projeto de fact-checking?
J.B: Em primeiro lugar, existem muitas informações que ainda não temos. São muitas desinformações encontradas, muitos mitos, há um imaginário do que é a Amazônia. Por exemplo, é comum que as pessoas perguntem se tem jacaré na rua, como se fosse uma mesma realidade na região toda.
E em segundo lugar a inovação. Um tema importante é que existem muitos pesquisadores levantando dados que estão desencontrados. Por exemplo, quando a gente fala de desmatamento, não existe um lugar onde você encontra informação sobre esse tema, qual foi o ano que teve maior desmatamento, se a Amazônia ainda tem salvação.
Como tem sido participar no New Ventures Lab?
J.B: Inspirador. A gente não consegue achar um evento assim como tanta transmissão de conhecimento.
O NVL indica um caminho. Se fossemos fazer este proceso sozinhas nao iriamos saber onde começar, nem a importância de ter um abogado ou um investidor. Este processo tem ajudado nós para entender o caminho e transformar realidades.
No Norte do país é mais difícil ser parte de este tipo de iniciativa como o NVL. A maioria dos eventos relacionados con jornalismo digital se concentram na região Sudeste. Só a facto da Mariana Santos, fundadora das Chicas Poderosas, ter conseguido organizar um Design Sprint em Manaus é muito significativo. (Conheça mais sobre o Design Sprint Manaus).
Uma das preocupações do projeto têm sido os riscos de fazer fact-checking local. Como vocês decidiram enfrentar estas situações?
J.B: A gente mudou um pouco o foco do projeto. A gente não vai ficar muito enfocado no discurso ou personagem político porque pode ser perigoso. A gente pensa em fazer fact- checking sobre meio ambiente e dentro disso cabe muita coisa. Por exemplo, a questão cultural ou informação da população que não é só índio. A Amazônia tem uma participação muito importante dos negros, dos ribeirinhos, extrativistas que são as pessoas que vivem da coleta de frutas e pesca, os nordestinos que é a região vizinha.
¿O que tem funcionado para vocês trabalharem em equipe?
J.B: Empatía. Numa posição de liderança, refletimos muito como gostaríamos de ser tratadas.Se a gente tem que fazer alguma coisa, nos ajudamos e sempre estamos muito alineadas a que as coisas funcionem para que não fique muito peso só para uma pessoa da equipe.
¿Cómo tem sido ser uma mulher que lidera seu projeto?
J.B: É difícil. Primeiro porque o que mais incomoda a gente é um tom condescendente. Que digan: “Ai que fofinha, que linda”. Sempre perguntam em qual veículo cada uma tem trabalhado. A gente sabe que é nova, que não tem muita experiência. Nesse sentido, vemos um apoio muito grande nas mulheres. Mas ainda é um grande desafio. Parece que a gente tem que ser perfeita e provar que és bom no que fazes, só por ser novinha e mulher.
Esse projeto para mim foi uma confirmação da minha autoestima. Eu me preparo há vários anos fazendo várias coisas para ter um background que me deu capacidade para liderar este projeto. Antes eu duvidava muito disso e pensava: “eu não vou dar conta”. E hoje em dia eu percebo vai dar certo, tenho muita gente apoiando no caminho.
Por isso, a nossa maior dica para quem quer começar seu próprio projeto é confiar em si mesma. Se arriscar e procurar coisas para fazer. Ser cara de pau, se jogar.

En qué fase está agora a Agencia Ajuri?
J.B: A gente ainda está tentando levantar dinheiro para continuar participando do New Ventures Lab. Estamos fazendo uma campaña financeira na Vaquinha, para continuar participando do NVL. Estamos em contacto com Gustavo Faleiros, editor da InfoAmazonia, quem deu umas dicas e indicou caminhos para a gente começar a checar e encontrar oportunidades de financiamento. Um dos principais desafios é ter orçamento suficiente para estabelecer uma equipe permanente e contratar mais jornalistas, criar uma forte proteção institucional (digital e legal) contra ataques para ganhar visibilidade e superar as bolhas da Internet.
Porque é importante ter um mentor como Gustavo Faleiros?
J.B: Porque ele já sabe “o caminho das pedras”. Além da informação, dele ter muito dados, ele já passou por todo este processo de criar uma iniciativa de zero, ir atrás de investidores e liderar de acordo com as afinidades das pessoas que estão na equipa.
Ele tem uma visão e noção da importância de falar sobre Amazônia. A questão regional de identidade é um factor muito importante.